IGUAIS E DIFERENTES

«Iguais e diferentes. Poderemos viver juntos? É a questão que Alain Touraine coloca no seu último livro. Nascido do diálogo com os seus alunos da EHESS, este denso livro constitui uma feliz e extraordinária tentativa, ao alcance de todos, de compreender os nossos actuais desafios, face a uma mundialização da economia que nos «mistura» em supermercados de informação e de consumo mas que não nos ajuda a melhor nos compreendermos. Todas as reflexões sobre os grandes assuntos da actualidade encontram, nesta obra, matéria de eleição. Uma oportunidade a ter em conta e que responde a todas as falsas alternativas, por vezes simplistas, despejadas aqui e acolá pelos líderes políticos e sindicais.» Var Matin «Em Crítica da Modernidade Alain Touraine centralizava a sua reflexão na crise da sociedade e na emergência do sujeito. Temas estes que voltariam a aparecer em O Que É a Democracia e, de novo, nesta mesma obra. No entanto, a perspectiva evoluiu. Enquanto na Crítica da Modernidade era mais optimista: tratava-se de renovar os laços entre os dois elementos da modernidade, o individualismo moral e a racionalidade instrumental, na presente obra, a dissociação entre a economia e as culturas, as trocas e as identidades, é considerada tão profunda que o autor não hesita em falar de desmodernização. Somos surpreendidos por dois escolhos: a dominação do mercado e o comunitarismo. Tanto de um lado como do outro, o indivíduo e a sociedade encontram-se sob a empresa de um princípio único quer se trate de razão, religião ou etnia. Não existe lugar para a liberdade. O desafio da hora actual consiste, pois, em conciliar a unidade e a diversidade. Sendo esta conciliação possível, se adaptarmos como princípio a livre construção do sujeito permitindo a comunicação entre grupos diferentes. Este apelo à livre construção da vida pessoal não se reduz ao deixa andar ou à tolerância dita pura. Implica que o respeito pela liberdade de cada um seja, verdadeiramente, tida em conta. Assim, podem ser combinadas, como diz o autor, a necessidade de identidade do sujeito e a indispensável solidariedade. A dupla crítica da racionalidade instrumental e de uma comunitarismo fechado sobre si é bastante convincente. O apelo ao sujeito é sedutor. São de realçar as passagens, desta obra, consagradas à sociedade multicultural, à nação e à democracia que apresentam uma extraordinária riqueza.» Jean Weydert, in Etudes