A CRIAÇÃO DA VIDA

Qual a natureza profunda do fenómeno vivo? A vida é acidental, determinada, finalizada, necessária ou simplesmente inelutável? O espírito, a alma e as suas manifestações são um seu autêntico prolongamento ou não reflectem senão construções do pensamento, ilusões? Michel Bounias estuda, explica – muitas vezes com humor – as mais fundamentais estruturas do universo físico e o papel que aqui vem representar a Vida. O vivo é feito de partículas e nutre-se de ondas; conseguir compreendê-lo é, antes de mais, ser capaz de reconstituir o cenário da sua criação, sem deixar subsistir qualquer lacuna. Tal o projecto deste livro. Michel Bounias elaborou três partes que se encadeiam um pouco à maneira dos três andamentos de uma sinfonia: a matéria, a emergência da vida e o espírito. O primeiro seria um scherzo, durante o qual o universo tece alegremente a trama da matéria a partir de um fio que permite ao leitor visualizar, de maneira simples e muito figurativa, estruturas e propriedades até aqui descritas sob forma abstracta e inapreensível. O segundo andamento evolui de um andante a um largo: primeiro afadigam-se as moléculas em construir rudimentos de células tão primitivas como efémeras; depois, sem ajuda do acaso, preparam-se os mecanismos bioquímicos essenciais (código genético, respiração, fotossíntese, fosforilação…) ainda base de células vivas actuais, da vida portanto. No terceiro, o adágio final, o leitor descobre como as curvaturas do espaço que modelaram a matéria puderam esbater-se, converter-se em vibrações e dar lugar a uma nova espécie de estrutura (pertencente sempre ao universo físico): o espírito.